Os
passos precisos do grande gênio da terra.
Mãe África engravidou em Angola,
partiu de Luanda e de Benguela, chegou e pariu a capoeira, no chão do Brasil,
verde e amarela. É de Angola! Camará que me veio essa cantiga. De Luanda! É um
jogo, é uma dança é uma briga. De Benguela! Do Quilombo da Serra da Barriga. De
Luanda! Capoeira chegou de caravela.
Eu vi os passos precisos
do gênio da terra. Sua expressão de desdém e enfado, seu apoiar cansado na
bainha da katana. Mas o desleixo do jovem não engana meus olhos experientes: “Mestre, vim lhe
desafiar”.
Ele boceja. Seu corpo
balança para o lado como se fosse cair, e então, apoia-se com um pé e retoma o
equilíbrio rapidamente. Um breve sorriso toma conta do seu rosto. Nem todos
podem ver o sorriso que dura uma fração de segundo antes do disparo. O saque da
espada não apresenta erros, a katana sai da bainha como uma flecha larga seu
arco, sem despedidas, sem pesar, sem piedade. Será que ele pensa em como deixou
sua terra? Não. Ele não pensa em nada.
“Você me acertou. Seu
pai ficaria orgulhoso”.
Eu sou o segundo
discípulo do venerável Oda, santo da espada, cujos olhos contemplam Kosuko
Bosatsu. Quando o filho do mestre Oda, Ito, saiu de casa levando apenas sua
espada, o santo permaneceu em silêncio e sua paz não foi abalada. Mas eu decidi
encontrar o jovem mestre Ito, para entender sua partida. Em nosso encontro ele
me acertou pela primeira vez e fez sangue escorrer do meu ombro. “Não esqueceu a arte do
seu pai, lembra-se de quem você é?”
Ito: Não me enche
Kazuma. Parece minha mãe.
Kazuma: A venerável
feiticeira Kuan Yin – saúdo a era que ela traz –, em sua beleza e sabedoria,
tem razão em se preocupar com o jovem mestre.
Ito: Blá blá blá. Você
não pode ir comigo, Kazuma. Eu vou beber demais, transar demais e fazer coisas
vergonhosas, nada que seja do seu feitio.
Kazuma: Eu juro pelos
nove anciões bêbados que eu serei uma boa companhia para o jovem mestre e não
me negarei a fazer coisas vergonhosas.
Nesse momento, levei
meus joelhos e olhos ao chão. Eu buscaria com o jovem mestre a humildade
terrena e seguiria os passos precisos do grande gênio da terra. Lagrimas
verteram dos meus olhos ao pensar nos testes que me aguardavam.
Kazuma: Mestre Ito?
Espera! Ainda não terminei minhas orações! Mestre Ito!
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