domingo, 24 de março de 2013

Órfãos e Heróis - Parte II: A Torre na Colina

Uma nuvem de fumaça subia de algum lugar na colina, a alguns metros de onde se erguia a antiga torre em forma de seta. Eles haviam demorado cerca de uma hora para chegar até lá, e um entardecer laranja já substituia a luz de meio-dia. Uma porta dupla com cerca de dois metros de altura, que era a entrada da construção abandonada, havia sido aberta não há muito tempo, visto que haviam marcas frescas de ferrugem no chão. Segundo Davos, que examinava o solo cuidadosamente, os órfãos poderiam ter passado por ali.



Eles entraram. No primeiro andar o cenário era catastrófico: uma ravina se abria para uma escura passagem no subsolo, e grande parte das paredes e estruturas interiores haviam desmoronado, à excessão de uma escada circular, que subia acompanhada da luz quente de tochas até o segundo andar.

Um grito de socorro foi ouvido, vindo do andar de cima, e os aventureiros correram para investigar. Havia uma porta de madeira trancada e alguns goblins tentavam agressivamente arrombá-la na tentativa de entrar. É claro que apenas três daquelas criaturinhas não seriam pário para um grupo de aventureiros preparados com magias e proezas marciais: em menos de um minuto, Davos segurava um machado ensanguentado, Buran estalava os dedo das mãos para aliviar a tensão gerada por seus golpes, e Kevan carregava mais um virote em sua besta, preparando-se para a próxima adversidade. Era hora de verificar a porta trancada.



Na verdade a porta estava barrada pelo lado de dentro, mas isso também não foi problema para os truques arcanos da barda Lira. No lado de dentro, um velho mago se escondia atrás de uma cama tombada, e os aventureiros tiveram certa dificuldade de convencer o ranzinza morador da torre de que eles não eram goblins nem ladrões.

Obedecendo aos princípios de Silvanus, Davos decidiu libertar meia dúzia de pássaros os quais o homem mantia presos em gaiolas que decoravam o quarto aqui e ali. O velho resmungou inicialmente, mas em questão de segundos parecia ter esquecido do que o meio-orc fazia com as aves, voltando sua atenção para a conversa com os outros intrusos.

Davkas Draconato, como ele havia se apresentado, era um Mago Abjurador, e ele havia há pouco se mudado para a torre. Segundo ele os órfãos haviam roubado dele seu precioso grimório na noite anterior, sem o qual ele nada podia fazer para se defender dos goblins. Ele também esclareceu sobre a natureza do infame Carrasco, dizendo que na verdade se tratava de um Grimlock. Em troca de algumas pocões mágicas, os aventureiros concordaram em retornar ao mago seu grimório, e partiram para a ravina no primeiro andar, onde os dois irmãos haviam sido vistos pela última vez pelo velho ranzinza.

O que os aguardava além da escuridão eram coisas retiradas dos cantos escuros e esquecidos dos pesadelos – centopéias monstruosas – as aberrações carnívoras conhecidas pelo seu veneno paralisante. Elas se alimentavam da carcaça de um goblin, mas não hesitaram em atacar os aventureiros quando estes se aproximaram. Algumas delas explodiram para fora do tórax do cadáver e logo se juntaram as outras ao perceber carne fresca se aproximando.

Várias centopéias saltaram sobre Davos, serpenteando sobre seu corpo e desferindo algumas picadas venenosas. O bestial druida caiu no chão quase que instantaneamente, ficando impossibilitado de lutar. Os outros esmagaram os insetos sem muita dificuldade, e Kevan mostrou reflexos felinos ao partir ao meio uma centopéia que tentara saltar sobre ele. No final das contas batalha não passou de um susto, se encerrando em poucos segundos.

Apesar da relutância inicial em se aventurar na torre, Kevan já se sentia mais confiante após o encontro com essas centopéias monstruosas - teria sido pura sorte ou possuiria ele algum talento natural com adagas? 




Ele limpou a lâmina de forma desajeitada, ainda impressionado consigo mesmo, e então foi ver o que havia de errado com Davos, seu companheiro de grupo. O meio-orc se contorcia e gritava jogado ao chão - as picadas daquelas criaturas doíam mesmo...







Que desafortunada mudança de eventos e circunstâncias havia os trazido a este perigoso lugar?  Há pouco esse grupo descansava tranquilamente no vagão de uma caravana, ouvindo aos assobios melódicos de Lira, a barda; agora arriscavam o pescoço para ajudar crianças que nem conheciam...Sim, parecia loucura, mas era difícil discordar que deixar os garotos órfãos à mercê de seu próprio destino era um tipo muito cruel de omissão. Para alguns deles, talvez. Para outros, em especial Lira, a promessa de tesouros e uma impressionante recompensa de 1500 moedas de ouro pela cabeça do "Carrasco" soavam como música.

Os outros aventureiros pouco sabiam sobre o que fazer contra aquele veneno, e puderam apenas esperar que o pior não acontecesse. Para a sorte de todos a toxina não era letal, e seria preciso mais do que algumas doses de dor destilada para fazer o meio-orc desistir. Davos recuperou-se, e, ainda um pouco trêmulo, colocou-se de pé visivelmente irritado. Eles seguiram adiante após um breve momento de descanso, e não foi um pequeno grupo de mites da próxima câmara que os conseguiu impedir. Com um pouco de furtividade o grupo derrotou os seres feéricos sem que pudessem perceber a sua presença.





Eles ponderaram sobre o que fazer com os ovos de centopéia que os mites haviam empilhado pela sala - até consideraram atear fogo a eles - mas Davos, como um druida, não estava de acordo e convenceu os outros a deixarem as pequenas esferas translúcidas e gosmentas em paz, por mais incertos que estivessem sobre a possibilidade dos ovos eclodirem, gerando novas monstruosidades de muitas pernas.

Não demorou muito tempo atravessando o túnel seguinte para que fossem surpreendidos desta vez por três goblins correndo em sua direção. Quando as criaturas passaram direto por eles, logo perceberam que algo estava errado...Seguindo os pequenos humanóides vinham mais duas centopéias, não com cerca de meio metro de comprimento, mas criaturas de quase dois metros. Dois mites guiavam os insetos gigantes usando rédeas. 






Os aventureiros ficaram paralisados. Seria este o fim de sua aventura? Devorados por estes insetos? Não. Pelo menos para Kevan. O jovem não perdeu tempo e em um surto de heroísmo correu à frente de todos, susurrando palavras mágicas e gesticulando. Em um forte e breve lampejo de luz colorida saído das mãos do mago, as centopéias e os mites que as cavalgavam caíram ao chão inconscientes. O grupo não teve problemas em terminar o trabalho, contentes como estavam ao presenciar a demonstração de poder de seu amigo.











À frente dos heróis havia um túnel longo e tortuoso, que terminava ao atravessar uma parede de pedra da antiga fortaleza. O som de tambores tribais ecoava adiante. Muitas perguntas pairavam no ar pesado daquela caverna. Que perigos (e tesouros) aguardavam eles a poucos passos dali? Teriam eles chegado tarde demais para resgatar os órfãos?


11 comentários:

  1. Hm...obrigado pelo feedback. Também gostei bastante dessa.

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  2. Estamos todos confirmados para este sábado?

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    1. Por mim e os Correas ta ok.

      e queria mostrar isso aqui,

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    2. Hehehe vamos todos comprar tablets

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  3. Sim! Mas acho que teremos que sair umas 17:30. Então até se for começar mais cedo , talvez seja melhor.
    Lucas

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    1. Que tal almoçarmos mais cedo e começar ao meio dia?

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    2. Se for muito cedo podemos também começar às 12:30 ou 13h, mas para mim às 12h está ok.

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  4. Eu e Lucas, topamos as 12:00 horas quem sabe não terminamos o dungeon até as 17:30

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