terça-feira, 30 de julho de 2013

Quem Aconselha os Conselheiros?

Kevan e Davos aproveitaram a tarde para visitar Almaes. Eles queriam ouvir o que o gnomo tinha a dizer sobre o constructo mecânico que haviam encontrado. Do lado de fora da oficina do alquimista eles conseguiram escutar uma daquelas discussões taquilálicas e técnicas que somente os gnomos eram capazes de compreender. Eles bateram mas não obtiveram qualquer resposta, o que fez Davos  perder a paciência. O druida empurrou a porta e acabou por derrubar acidentalmente um gnomo que estava estava atrás dela. Não era Almaes, mas outro membro o Povo Esquecido. O pequenino caiu de costas ao ser atingido pela porta e logo sacou uma estranha arma de seu coldre - uma pistola - algo que nenhum deles, nem mesmo o próprio Almaes, havia visto até então.



"Tudo bem Nelin, ele é meu conhecido!", Almaes pediu que o seu amigo se acalmasse.

O gnomo franziu a testa e guardou sua arma. "E-agora-quem-são-esses-intrusos?", ele perguntou.

Kevan entrou em seguida puxando com esforço o constructo mecânico. "Almaes...", disse ele ainda ofegante "Acha que pode dar uma olhada nisso aqui?"

Assim que o mago colocou o constructo dentro da oficina, Nelin correu para perto e começou a examiná-lo. "Realmente-muito-interessante-isso-que-você-trouxe-obrigado-vou-começar-os-reparos-imediatamente-a-propósito-onde-você-encontrou-ele-qual-é-o-seu-nome-mesmo?", ele falou, atropelando-se a cada palavra e respirando fundo ao terminar.

"E-Eu? Meu nome é Kevan, senhor gnomo. Por um acaso eu o ouvi dizer que poderia consertar o golem?".

"Não-é-um-golem-na-verdade-esse-é-um-homem-de-Gond-pode-ser-que-ele-tenha-sido-trazido-de-Lantan-que-por-um-acaso-é-de-onde-eu-venho-mas-posso-fazer-alguns-reparos-com-as-peças-certas-que-tal-deixar-isso-um-pouco-comigo-estarei-na-tarverna-os-braços-de-Vau-Ashaben-me-encontre-lá-mais-tarde."

"Hm...eu não sei, talvez seja..." Kevan não teve tempo de terminar.

"Muito-bem-obrigado-nos-vemos-lá-mais-tarde-vou-começar-a-trabalhar-o-quanto-antes-meu-nome-é-Nelinkzutir-Fumaça-Preta-Szarin-aliás."

"Ah...enfim, que seja." Kevan suspirou. Ele não teve sequer chance de argumentar, mas de qualquer forma se o golem fosse colocado para funcionar novamente ele estaria satisfeito. Ademais, já não havia mais tempo: eles precisavam se preparar para a reunião do Conselho do Seis da casa de Haresk Malorn, o alto conselheiro.

O grupo se encontrou lá durante a tarde, e depois de discussões, acusações e provocações, o Alto Conselheiro cedeu a um pedido inesperado de Nerval e Nelyssa: que os aventureiros participassem da investigação.


···




Sobre uma pedra no riacho, Saevros mirava com seu arco em direção à água. Aos pés do meio-elfo jaziam dúzias de peixes frescos presos a uma amarra de cipó. Esperando pelo momento certo de atirar, ele corrigiu a mira, segurou a respiração, e puxou a corda um pouco mais, mas, quando estava prestes a disparar, foi surpreendido por uma mulher emergindo da água bem diante dele. Seu coração acelerou. Era uma jovem de beleza cegante, com cabelos cor de prata e olhos cinzas. Seu magnetismo sobrenatural e as orelhas pontiagudas, mais compridas do que as dos elfos, denunciavam sua natureza feérica. Era na verdade uma ninfa.





"Aillesel Seldarie! Quase me mata de susto Faelieth!"

A ninfa gargalhou e respondeu "Eu não sabia que ainda provocava essa reação em você, Saevros."

O meio-elfo suspirou. "Quero dizer que quase coloquei uma flecha no meio dos seus olhos..."

"Eu tenho certeza de que você não faria isso comigo, certo?"

"O que você acha?" O rasteador relaxou os ombros e sorriu com um canto da boca.

"Eu acho que gostaria de saber porque está pescando no meu riacho." A ninfa cortou Saevros com um ar repreendedor.

"Ah...os peixes? São para Nevasca. Vou precisar suborná-la com a comida favorita dela."

"E o que esse grifo fez para merecer o tratamento especial?"

"Caso você ainda não saiba, ela não é tão fácil de convencer quanto eu." Saevros riu com leve constrangimento. "Ela vai me ajudar com uma coisa importante e quero que ela esteja de bom humor." 

"Eu estou de bom humor...que tal ficar um pouco e me contar mais?"

"Infelizmente não posso, tenho que ir agora. Mas prometo que te falo quando voltar." Saevros pendurou a amarra de peixes nas costas e saiu, desaparecendo entre as árvores. Faelieth, visivelmente frustrada, mergulhou de novo no rio.


···



Já era de noite quando Nelyssa pediu aos aventureiros que fossem com ela até a prisão. Eles estavam cansados mas aceitaram a proposta. "Precisamos terminar de interrogar o prisioneiro o quanto antes" disse a Capitã dos Cavaleiros do Vale da Névoa. Quando o grupo chegou, eles encontraram tods os soldados da guarnição caídos. Nelyssa correu até um deles, se ajoelhou ao seu lado e verificou o pulso. "Ele está vivo, mas parece que está...dormindo?"

"Procure ferimentos de virotes, pode ser veneno Drow." Lira deu seu palpite.

Nelyssa correu os olhos pelo corpo do soldado mas não encontrou nada, então olhou para Lira e balançou a cabeça.

"Ei, acorde! Acorde!" Ela gritava e sacudia os ombros do soldado.

O homem acordou mas parecia um pouco confuso.

"Vão até o calabouço, vou tentar tirar alguma coisa dele"

Lá em baixo, os aventureiros encontraram o assassino drow deitado em uma poça de seu próprio sangue. Marcas de garras riscavam-lhe a pele de cima em baixo. "Algum monstro fez isso. Uma criatura invocada talvez. Consigo sentir uma distorção na Trama dentro desta cela" disse Kevan.

Havia um soldado encolhido no final do corredor, tremendo de medo e chorando. Linus e Buran se aproximaram para falar com ele enquanto o restante de seus amigos estava dentro da cela.

Ao examinar o cadáver do drow, Lira percebeu uma luz azulada vindo de seu bolso. Era a moeda de Limbo! Ela brilhava com uma chama fria e fantasmagórica, reagindo à presença homem morto. A barda mostrou o item ao restante dom grupo e a decisão de guardar o objeto mágico até que seus efeitos fossem completamente compreendidos foi unânime. Lira entregou a moeda para Kevan, que sentiu uma aura de necromancia muito mais poderosa emanando dela agora. "Vou estudar a moeda essa noite e tentar descobrir qual efeito mágico ela esconde. Vai ser mais fácil agora que sua aura se intensificou." disse o mago.

Ao conversar com os guardas, alguns deles referiram tem visto um mago entrando no forte pouco antes de sucumbirem a uma espécie de sono mágico invocado pelo invasor. Eles até tentaram utilizar magias de telepatia para encontrar mais pistas nas memórias dos guardas, mas seus esforços não foram muito frutígeros. No dia seguinte seria a hora de interrogar os conselheiros.

···

Saevros Altocéu jogava os peixes um a um para Nevasca, seu grifo albino de montaria. Ela saltava com suas poderosas patas leoninas de pelo branco, batendo as asas levemente uma ou duas vezes, e agarrava os petiscos com seu bico de águia. Era uma criatura fantástica em todos os aspectos. Altocéu se aproximou e acariciou o pescoço de Nevasca, que abaixou a cabeça em satisfação. Então ele colocou uma sela e rédeas na besta e a montou. Puxando as cordas para trás e dando um comando de voz em élfico, a linguagem em que a criatura havia sido treinada, ele fez o grifo empinar com as patas dianteiras e depois alçar voo.

Bem no alto eles tiveram a chance de saborear o ar frio e a luz alaranjada do entardecer. Lá em baixo, as planícies e árvores estavam cobertas por um mar de névoas. Seu destino ficava há alguns quilômetros ao sul dali, mas voando eles chegariam bem depressa. 

Até mesmo lá de cima, uma pessoa sem conhecimento profundo da floresta não perceberia aquilo que estava ocultado pelas árvores em uma região circundada por colinas baixas: a cidade élfica de Aerthor. Saevros de o comando para que seu grifo pousasse. Nevasca começou a circundar a região, baixando de altitude a cada volta. 

Eles desceram bem no centro do povoado. Alguns adolescentes vieram ao encontro dos dois, fascinados por Nevasca.

"Onde está o Ancião?" Saevros perguntou aos jovens.

"Ele tinha ido até o santuário." um dos garotos apontou. "Podemos voar um pouco com a Nevasca enquanto fala com ele?"

"É melhor perguntarem diretamente pra ela. Não me importo, desde que depois não me venham reclamar que tiveram um olho arrancado. Ugh...ela adora bicar os olhos!" Saevros respondeu de forma pouco convincente, mas, apesar de não muito bom com as palavras, o meio-elfo conseguiu assustar o grupo de jovens elfos. Ele saiu na direção do santuário certo de que deixariam seu grifo em paz



No centro de uma ilhota circundada pelas águas rasas de um riacho Elros sentava-se com as pernas cruzadas e os olhos fechados. Ao seu lado aguardava pacientemente uma elfa do sol que Saevros nunca havia visto antes. Seus olhos e cabelos dourados quase se mesclavam cor de sua pele. Não era exatamente bela para os padrões humanos, mas era atraente de uma forma exótica. Suas roupas, que consistiam em um robe branco intricadamente adornado com padrões suaves e graciosos, destoavam, em sua sofisticação, das rústicas vestimentas dos elfos da floresta. Quando Altocéu se aproximou, a mulher tocou o ombro de Elros e ele abriu os olhos, e percebeu a aproximação do recém-chegado meio-elfo.



Saevros se ajoelhou. "Me desculpe Ancião, não queria interromper sua meditação."

"Tudo bem, eu logo precisaria despertar. Fique à vontade." Elros gesticulou para que Saevros se levantasse e ele o fez. "Lorelei, esse é Saevros da casa Altocéu, de quem eu havia lhe falado".

A elfa do sol sorriu e cumprimentou Saevros.

"Lorelei veio de Encontro Eterno para nos ajudar com um assunto muito importante. Mas não deixe isso te interromper - suponho que tenha vindo ao meu encontro para me dizer alguma coisa."

"Sim Ancião, é sobre os drow."

"Descobriu mais alguma coisa?"

"Tenho observado ainda mais batedores nas trilhas, e há humanos entre eles também."

"Sem dúvida eles procuram por Aerthor. Você percebe o perigo que criou ao trazer aqueles forasteiros até aqui?"

"Sim, Ancião. Mas se me permite, foi o senhor mesmo me ensinou que nosso povo não esquece facilmente uma dívida de gratidão."

"Claro que não, Saevros, mas entenda que tudo o que quero é nos proteger."

"Os drow são nossos inimigos jurados, e seus números vem aumentando cada vez mais em Cormanthor. Mais cedo ou mais tarde eles vão nos oferecer uma ameaça real e nós teremos de lidar com eles."

"Não se o Mythal for restaurado antes." disse Elros.

"O Mythal? Mas então...quer dizer que encontramos o Bastão de Elandorr!?" Saevros parecia chocado.

"Não exatamente...mas temos uma pista de onde ele pode estar escondido." Lorelei interpelou, quebrando o silêncio que até então havia mantido.


···

"A moeda permite falar com os mortos", disse Kevan.

"Isso pode ser útil.", Lira comentou.

"Quer dizer que pretende mesmo usar isso naquele cadáver?"

"Que outra escolha temos? É uma boa chance de esclarecer os fatos e conseguir algumas respostas. Além disso, os outros já estão investigando os conselheiros."

Kevan, Lira, Maja e Buran descobriram que o drow iria ser enterrado no lado de fora da cidade, em uma cova não marcada. Eles seguiram até lá e encontraram um jovem e inexperiente soldado fazendo o trabalho de coveiro. Não foi um desafio para uma barda experiente convencer o garoto de se refrescar no rio Ashaba enquanto eles "ajudariam ele a cavar o buraco" - o rapaz entregou a pá nas mãos de Maja e correu em direção as águas, retirando as botas no caminho.

O corpo do drow estava ao lado, já exalando algum mau cheiro, coberto por uma lona suja.  Lira retirou a cobertura do cadáver e Kevan se aproximou, colocando a moeda sobre a testa do defunto. A moeda brilhou novamente com aquela ominosa luz azul, que logo envolveu o drow como  um fogo fantasma. O corpo se contorceu como uma marionete contra a rigidez cadavérica que já havia se instalado e se sentou. O drow ergueu a cabeça e falou, sua voz ecoando de forma assustadora.



"Quem perturba meu descanso e me trás a este mundo novamente? Fale logo e me deixe em paz!"

Os aventureiros se entreolharam, um esperando do outro alguma reação. Maja teve a coragem de fazer a primeira pergunta.

"Quem matou você, drow?"

"A mão traidora de um mago me tirou a vida.", o cadáver do drow falava como se cada palavra fosse uma dolorosa lâmina saindo de sua garganta.

"Diga-nos quem é e podemos vingar sua traição.", a ladina continuou.

"Ele veio de Obscura propor aos Jaelre, com suas promessas de que juntos renasceríamos em Trevas! Mas ele me traiu, sim! Ele traiu a aliança e me matou!"

"Queremos saber o nome desse traidor." Maja insistiu.

"Ele é chamado de Seymor, mas há quem o conheça apenas como O Escuro."

"Quem mandou você?", Buran perguntou.

"O Coxo me deu minha missão."

"Alguém do conselho está envolvido nisso?", Lira tentou outra abordagem.

"Pode se dizer que sim. Afinal, quem aconselha seus conselheiros?"

O cadáver então voltou a se contorcer, aquele brilho azulado que o permeava ficando cada vez mais fraco, até que ele caiu deitado no solo novamente. Nesse mesmo momento uma patrulha montada da guarda se aproximava do local. Lira pediu a todos que apenas ficassem calados e então levou uma mão ao seu chapéu do disfarce. Em um instante o chapéu se tornou um elmo, suas roupas uma armadura de couro da guarda, seu sabre uma lança. A estatura da barda se reduziu e sua aparência se tornou a de um jovem garoto - aquele que há pouco tempo haviam dissuadido da tarefa de enterrar o drow. Agora seria apenas uma questão de lábia e magia convencer os guardas de que tudo estava normal...


···


"Por aqui", disse o drow enquanto analisava as marcas no chão.


"Estamos chegando perto...", Benyl sussurrou. Ali, à luz do dia, ele parecia ser apenas um humano. Seu rosto pálido era debruado por uma barba e cabelos escuros. Sua estatura era mediana e o porte físico discretamente atlético. Mas na verdade Benyl era muito mais do que isso. Ele era um Vulto - um dos poucos escolhidos pelos Príncipes das Sombras para serem fiéis agentes da Cidade Obscura, recebendo deles os poderes e longevidade sobre-humanos. 


Ele comandava um esquadrão de cinco soldados shadovar e cinco drows, em uma missão dada por Belarbreeza e Jezz, o Coxo, líderes da Casa Jaelre.

Saevros observava tudo do alto de uma árvore. Ele havia colocado as trilhas falsas cuidadosamente de forma a levar o grupo até o local perfeito para uma emboscada. Outros cinco arqueiros élficos de Aerthor o acompanhavam, também escondidos sobre as árvores e apenas aguardando seu comando. Ele respirou fundo, sua visão concentrada no alvo, e deu o comando de disparo.

Benyl e seu grupo apenas puderam ouvir os silvos e, em menos de três segundos, cinco deles já tinham flechas cravadas no pescoço. Logo em seguida uma segunda saraivada de flechas foi disparada, mas apenas um alvo foi ao chão. Benyl conseguiu deduzir a posição dos atiradores e alertou seus comparsas. "Arrumem cobertura, eles estão ali, no topo daquelas árvores!"

Porém, o que eles não podiam esperar era que um grifo desse um rasante, veloz e branco como uma "nevasca", e agarrasse um deles pelos ombros. A vítima do grifo gritava em desespero enquanto era levada para cima, de onde seria solta para ter um encontro mortal com o chão muitos metros abaixo.  restante dos homens, incluindo Benyl, não puderam evitar de voltar sua atenção à criatura alada que acabara de os atacar, e isso foi a abertura pela qual Saevros e seus arqueiros estavam esperando.

Uma terceira leva de flechas tratou de finalizar o restante dos capangas de Benyl. Agora restava somente o Vulto, que se rendeu levantando as mãos ao ar.

Saevros desceu da árvore de onde estava, mas ordenou que seus homens mantivessem a vigília e os arcos preparados. Ele caminhou na direção Benyl enquanto prendia sua arco às costas novamente.

"Pode começar me dizendo o que estão procurando aqui.", Saevros falou secamente.

"Se está tão empenhado em nos impedir, acho que já sabe a resposta.", Benyl respondeu.

"Porque estava acompanhado de drows?"

"Tantas perguntas...", Benyl balançou a cabeça e continuou, "me diga onde estão os portais e tudo vai se resolver mais facilmente."

"Acho que você tem a impressão errada sobre quem está de qual lado das flechas. Responda!"

Benyl apenas sorriu. Todos puderam sentir quando aquele lugar protegido pela copa das árvores escureceu de forma sobrenatural. As sombras dos galhos dançaram, convergindo sobre Benyl como longos dedos esqueléticos, e ele foi envolto em uma aura de pura escuridão, seus olhos faiscando com uma luz demoníaca. Houve um momento de completa ausência de luz, e quando Saevros conseguiu se orientar novamente percebeu que uma pequena esfera flamejante do tamanho de uma pérola flutuava em sua direção.

"Bola de Fogo!", gritou o meio-elfo, "Encontrem cobertura!"

A pequena esfera se aproximou de Saevros e então culminou em uma enorme explosão de chamas que incendiou a grama e as árvores ao seu redor. Saevros conseguiu saltar para trás de uma pedra a tempo de se salvar. Um dos arqueiros não foi tão sortudo, e os outros puderam vê-lo enquanto caía da árvore gritando e com o corpo tomado pelo fogo.

Saevros se ajoelhou e olhou por cima do rochedo mas Benyl já não estava mais lá.



···



Era difícil acreditar que aquilo havia dado certo. Lira se passando pela conselheira Eryn, enquanto Kevan, invisível, sondava os pensamentos do conselheiro Crumorn com sua magia.



"Esse chapéu do disfarce está sendo mais útil do que eu poderia imaginar.", Lira pensou.



O grupo havia se reunido para retornar à estalagem naquela noite. Já era tarde e eles caminhavam por ruas desertas e escuras quando um vento frio os interrompeu. Um poste de luz próximo dali viu sua chama tremeluzir e quase se apagar. As ruas ficaram completamente escuras por um segundo, e quando a visão retornou aos olhos dos aventureiros estava parado diante deles um homem vestindo um manto negro e um chapéu de mago. Ela mantinha a cabeça baixa, e a aba de seu chapéu cobria-lhe o rosto. O homem então levantou a cabeça e encarou os aventureiros, revelando feições bastante incomuns. Sua pele era de um tom cinza escuro, seus olhos carregados de um sobrenatural brilho amarelo, o nariz ligeiramente achatado para dentro do rosto dando-lhe o aspecto de uma caveira. Era o que mais tarde Kevan descobriria se tratar de um fetchling - uma linhagem humana rara nascida no Plano das SombrasEle sorriu assim que seu olhar cruzou com o dos aventureiros.




"Finalmente nos encontramos! Tenho ouvido muito de vocês. Tenho sim! Mas tenho certeza que vocês tem ouvido de mim também..."

Maja sacou suas armas em ato reflexo e perguntou, "Quem é você?"

"Eu sou Seymor, mas talvez vocês me conheçam pelo nome "O Escuro", não é assim que aquele velho me chama? Ela já é um velho, certo?"

"Você não faz sentido algum." Davos praguejou com seu jeito incisivo e bruto.

"Não estou aqui para fazer sentido, orc. Estou aqui para ensinar vocês a não se meterem em assuntos que não devem!"

Seymor estendeu os braços e recitou uma conjuração, fazendo com que das próprias sombras se materializassem criaturas. Elas assumiram a forma de lobos ao se materializar e protamente cercaram o grupo.

O Escuro então deu um passo para trás. Sua sombra, que estava projetada na direção dos aventureiros, ficou parada onde estava, tendo se destacado de seu dono. Ela então se levantou do chão e assumiu uma forma semi-corpórea de material semelhante ao dos lobos, mas com a forma de um terrível demônio alado.

O demônio de sombras logo investiu voando contra Davos, que estava no centro do grupo, e o atacou com suas garras congelantes, mas meio-orc conseguiu se defender, sofrendo apenas um corte no ombro esquerdo.

Lira sacou sua tocha mágica da chama eterna pois era difícil enxergar as criaturas de sombras naquela luminosidade, mesmo para os podiam ver no escuro. Buran se antecipou e correu em direção ao invocador, acertando-lhe um golpe com a mão espalmada bem no meio do peito. Seymor caiu de joelhos no chão aparentemente sem ar e atordoado. Suas criaturas, por outro lado, continuavam a lutar desimpedidas, e assim que os lobos perceberam que seu mestre estava em perigo correram em sua direção se amontoando como uma alcateia sobre Buran.

Davos já havia conjurado uma esfera flamejante que roalava pelo campo de batalha atropelando os lobos de sombras. Agora o meio-orc preparava-se para disparar seu arco contra Seymor. Linus, que tinha recebido de Davos o Elixir de Bafo de Dragão, tomou a poção e sofrou fogo sobre dois lobos que estavam próximos. Vesszyr se posicionou cuidadosamente e com a palavra de comando "Aganazzar!" sua varinha disparou uma coluna incandescente contra outros dois monstros. Kevan acertou em cheio um raio ardente no demônio de sombras, que perfurou uma de suas asas mas acabou enfurecendo a criatura.



O demônio revidou com uma série de golpes das suas garras afiadas, que retalharam o robe do mago e lhe provocaram ferimentos superficiais mas extremamente dolorosos no peito. Ainda tentando se concentrar em seu tiro, em meio a confusão do combate, Davos sentiu que era a hora certa de disparar seu arco composto. A flecha voo pelo ar e acertou Seymor bem peito, levando o invocador ao chão. Logo em seguida as criaturas de sombras se dissiparam e as tênues chamas dos postes de iluminação voltaram a brilhar. O corpo de Seymor pareceu se liquefazer em uma água escura, deixando apenas alguns pertences em seu lugar - um robe, um amuleto e uma varinha. Os aventureiros respiraram fundo.

"Alguém pode me explicar o que foi isso?", Linus perguntou visivelmente confuso.

···

Saevros sabia que sem Elros, que estava ocupado procurando pelo Bastão de Elandorr, não seria capaz de derrotar o Vulto. Ele também sabia que seria perigoso ir até a cidade sozinho, mas não queria arriscar a vida de outro homem do povoado, então decidiu preparar Nevasca para a tarefa de buscar ajuda. Ele escreveu uma mensagem em um papiro e entregou ao grifo. "Quero que leve isso até lá na cidade, está vendo? Está me entendendo, não está, garota?", Saevros disse em élfico. Nevasca grasnou como se respondesse ao seu mestre e então alçou voo em direção à cidade.

Mais tarde, Saevros foi até a taverna que ficava na trilha entre Aerthor e Vau Ashaben. Ele entrou e procurou um lugar para se sentar. "Um copo de gim, por favor", ele pediu ao taverneiro e colocou algumas moedas de cobre sobre o balcão. O homem velho e emagrecido serviu Saevros com a paciência de quem não percebe que a morte está tão próxima (ou talvez de quem não se importa mais). O meio-elfo levantou os olhos na direção do homem, esperando que ele terminasse de servi-lo, mas o velho não retribuiu o olhar. "Tudo bem, já chega", disse Saevros. Ele pegou o copo e o levou à boca, e foi quando ele ouviu a porta se abrir. Ele fechou os olhos por um momento e então se virou. 

Era Benyl, e ele estava acompanhado de dois fetchlings. "Bebendo sem brindar? Acho que não vai se importar se eu me juntar a você.", disse o Vulto.

Saevros virou sua bebida. Tinha gosto de poeira - com álcool. "Mais um gim. E sem teias de aranha, por favor", disse o meio-elfo, e o velho tornou a servir a bebida alheio ao sarcasmo. "Poderia ter escolhido um lugar melhor para essa ocasião. Eu adoraria colocar flechas nos seus olhos bebendo absinto.", Saevros continuou.

Benyl tentou se aproximar para pegar a gim no balcão, mas Saevros agarrou o copo assim que ele deu o primeiro passo e virou novamente a bebida. "Eu não disse que era pra você.", o meio-elfo se justificou.

O Vulto retribuiu com um sorriso tão ácido quanto a atitude do meio-elfo, e então sinalizou para que seus homens atacassem.

Cada um dos fetchlings tinha uma adaga em cada mão. Saevros estava armado com o seu arco. Ele se levantou e empurrou seu banco para cima de um deles com a perna. O banco acertou o fetchling na altura do quadril e o desconcentrou por tempo suficiente para que Saevros agisse novamente. Antes que o outro capanga pudesse se aproximar ele atirou duas flechas em seu peito. Saevros então se virou para atacar o fetching distraído, mas seu inimigo foi veloz e chutou o arco da mão do meio-elfo quando ele estava prestes a disparar. Em seguida ele tentou cortar Saevros com uma de suas adagas. O rastreador conseguiu se esquivar, mas não foi rápido o suficiente para evitar ser derrubado sobre uma mesa por um outro chute bem colocado no peito.

O fetchling saltou sobre Saevros com as adagas em mãos e tentou o apunhalar, mas o meio-elfo, deitado de costas, rolou para o lado e o ataque atingiu a mesa, onde uma das adagas ficou presa. Sem perder tempo Saevros rolou para o outro lado e pegou a adaga que estava fincada na madeira. Então, em um movimento arqueado ágil e preciso, ele cortou a garganta de seu agressor antes que ele pudesse tentar qualquer outra coisa.

Saevros  rodou mais uma vez e caiu de joelhos no chão. Ele se levantou e correu para pegar seu arco. Duas flechas saltaram para posição de disparo quase que por conta própria, tamanha a agilidade do meio-elfo. Seus olhos percorreram a taverna à procura de Benyl, mas tudo o que viram foi um velho caquético fugindo pela porta dos fundos.

Foi quando o Vulto se materializou do nada em uma nuvem negra, descendo sobre ele com um golpe de cimitarra. Saevros saltou para trás evitando ser atingido, e logo disparou as duas flechas em seu inimigo. Para sua surpresa os projéteis atingiram uma espécie de campo de força que os defletiu, protegendo Benyl de qualquer dano. 

O Vulto retribuiu as flechas com rajadas de fogo mágico que lançava de sua mão livre enquanto caminhava em passo acelerado na direção ao meio-elfo. Saevros se esquivava agilmente das labaredas, que atingiam as paredes de madeira da taverna fazendo grandes estragos. Altocéu sabia que aquele campo de força não iria durar para sempre, e tudo o que precisava era de flechas suficientes para atravessá-lo.

Mas então veio novamente aquela escuridão. Saevros estava encurralado contra uma parede da taverna e agora também não conseguia enxergar. Por um momento houve apenas silêncio, até que ele pode sentir a dor aguda da cimitarra atravessando seu abdome e o gosto férreo de seu próprio sangue que agora lhe tomava a boca.

Benyl puxou a espada e Saevros caiu escorado na parede. "Espero que tenha gostado da bebida", disse o Vulto, antes de virar as costas e sair da taverna.

···

Naquela manhã o grupo foi acordado pelos gritos dos cidadãos, "Grifo!", eles diziam. Nevasca havia pousado no centro da cidade e agora tentava afastar os poucos guardas corajosos o suficiente para se aproximar dela. Os aventureiros correram na direção do grifo e Davos conseguiu acalmá-lo. Logo perceberam que ele trazia consigo um pergaminho. Era um pedido de ajuda de Saevros, que gostaria de encontrá-los ainda naquele dia em uma certa taverna na floresta.



Eles subiram em seus cavalos e galoparam pela estrada, seguindo Nevasca que voava á frente deles. Quando chegaram à taverna perceberam que já era tarde demais. Saevros estava caído em um canto. Davos se aproximou e percebeu que ele realmente estava morto. Maja e Kevan revistaram os cadáveres dos fetchlings que também estavam caídos no chão e encontraram apenas um bilhete. "Estarei no segundo piso do Véu de Veludo essa noite. Quando terminarem com ele me encontrem lá para discutirmos o próximo passo. - D", dizia a nota.

Eles deram ao amigo um funeral minimamente digno, enterrando com ele seu arco. Quando saíram, Nevasca permaneceu ao lado do túmulo de seu mestre, claramente deprimida. 

De volta à cidade, os aventureiros foram abordados por um mensageiro de Eryn, que pediu que fossem com toda urgência à sua casa. Lá Aldred tentava acalmar sua esposa, que estava claramente desesperada. Eryn, aos prantos, disse que seu irmão havia sido preso acusado injustamente de praticar necromancia. Ela disse que Markas havia sido levado para o calabouço e que precisava urgentemente falar com eles. 

E foi lá, na prisão sob um dos fortes de Vau Ashaben, que Markas revelou aos personagens sua verdadeira história...

sábado, 20 de julho de 2013

O Beijo da Rainha - Parte II

A moeda de Limbo havia levado os personagens até Aerthor, um povoado élfico protegido pela floresta e por brumas mágicas permanentes. Lá eles foram recebidos por Saevros Altocéu e conheceram Elros, o elfo mais antigo do lugar, que não ficou nada contente em ter a presença de estranhos na vila. Eles pediram ajuda para que pudessem utilizar os portais élficos que Saevros havia antes mencionado quando os conheceu, mas tiveram o pedido negado por Elros. Para a sorte deles, através da intervenção de um ente conhecido apenas como "Gravetosso", eles conseguiram utilizar a passagen mágica para cortar caminho em direção ao Campo dos Túmulos. A idéia era encontrar Nerval Vigilante, o clérigo de Tyr, o mais rápido possível e trazê-lo de volta à capital para curar Eryn.






E assim eles o fizeram. O caminho até o antigo cemitério Netherese estava infestado de goblins, hobgoblins e orcs, mas isso não foi o suficiente para impedir o grupo de seguir adiante. Como se não fosse o bastante, ao chegar no local ainda tiveram de lidar com mortos-vivos. Seguindo rastros até uma cripta, os aventureiros encontraram Nerval sendo atacado por uma sombra, mas conseguiram salvá-lo a tempo.



Depois de se apresentar ao clérigo de Tyr, o grupo decidiu sair daquele lugar amaldiçoado e descansar um pouco em uma caverna que Buran e Davos haviam encontrado na floresta. Eles fizeram uma fogueira e trocaram suas histórias durante a noite. Lira informou o clérigo sobre o atentado contra a conselheira Eryn, o que os levou a acreditar que Nerval teria sido vítima de um plano orquestrado pelos drow para afastá-lo da capital. Segundo o clérigo, ele havia sido emboscado por uma maga cuja descrição correspondia à de Belarbreeza e um homem melhor descrito como um "vulto".

Na manhã seguinte eles já haviam partido. Os cavalos galopavam o mais rápido que podiam em direção ao portal oculto nos bosques à beira da Trilha do Mar da Lua. Através da passagem mágica eles retornariam imediatamente a Aerthor, que ficava a apenas algumas horas de viagem da capital. Se tudo desse certo eles chegariam a tempo de salvar Eryn com a magia do clérigo.


···
Longe dali, do outro lado de um espelho d'água, a maga drow observava o grupo concentrada em sua magia de clarividência. Em seu laboratório arcano também estavam Seymor, um Fetchling, e Benyl, um legítimo Vulto

"Parece que seu plano foi inútil, Belarbreeza. Teria sido mais fácil ter acabado com ele de uma vez. Se eles chegarem a tempo teremos que achar outra maneira de garantir a morte da conselheira."

"Mais cedo ou mais tarde a cidade será de vocês, Benyl. E não se preocupe, a conselheira não tem para onde fugir." A maga fez uma pequena pausa ao se surpreender com o que havia acabado de ver no reflexo da água. "Mas olhe só isso agora... acho que na verdade tivemos sorte em deixar o clérigo vivo...". A imagem agora mostrava o grupo chegando ao portal élfico.

"Um portal élfico...como eles descobriram isso?" A maga drow observava o grupo com curiosidade, mas quando os aventureiros atravessaram o portal a imagem se dissipou em uma névoa escura, que se difundiu pela água como uma nuvem de tinta. "Mas que droga! Não vejo mais nada...alguma coisa anulou a magia!" A drow praguejou.



"Será que realmente importa como descobriram esse portal? Isso só significa que eles devem chegar ainda mais rápido à capital." Benyl parecia entediado.

"Ah, mas é claro que importa. Se nossos drow tivessem acesso a esse tipo de transporte pelo Vale..."

"Posso ajudar vocês com isso." Disse o Vulto.

"Ótimo, mas antes de tudo precisamos tirar o assassino capturado das mãos das autoridades. Ele pode nos comprometer. Talvez seja necessário mandar um aviso a esse grupinho também. Envie esse seu cão até a cidade. Dê um jeito no assassino antes que ele fale demais. Intimide esses "aventureiros". Mate-os se for possível. Mas não deixe qualquer indício da real ameaça que oferecemos. Os humanos precisam acreditar que estão apenas lidando com alguns encrenqueiros drow." A bruxa falou.

"Precisamos mesmo matar eles? Eu e Ahriman temos idéas muito melhores em mente, temos sim! O que dizem? Hmmm?" Disse Seymor com sua voz psicótica.

"Dessa vez você não estará lidando com simples guardas, nem com aquele velho inofensivo que você vem atormentando, Seymor. Eles são habilidosos." Benyl fez uma pausa e voltou o olhar para Belarbreeza. "Não estou disposto a arriscar meu Fetchling dessa forma, bruxa, a não ser que você possa ajudá-lo de alguma forma com essa tarefa".

Belarbreeza sorriu e caminhou até uma mesa coberta por um lençol em seu laboratório arcano. Ela puxou a cobertura revelando uma tosca estátua de gelo esculpida na forma de um corpo humano. Sobre o peito da escultura ela colocou um punhado de um pó de vermelho cristalino e entoou algumas palavras mágicas. O pó brilhante evaporou num instante, levantando uma nuvem de fumaça rósea. A partir daquele ponto central, a matéria translúcida e inerte da escultura de gelo se transubstanciou em um material semelhante à carne e pele. Então, sua aparência se modificou lentamente até que se a criatura se tornou um verdadeiro duplo do Fetchling.



"Mais uma ilusão?"

"Sim. Um simulacro na verdade. Uma cópia de sombras quase real." Belarbreeza explicou com orgulho sua criação e então voltou sua atenção à Seymor. "Deixe o simulacro em seu lugar e convoque suas sombras, Fetchling. Se for necessário, uma gema de porta dimensional irá te ajudar a fugir sem ser percebido."

"Engenhoso...mas e quanto à conselheira?" Perguntou Benyl.

"Precisamos levar a situação ao Coxo. Ele saberá o que fazer"

"É melhor que saiba mesmo. Os Príncipes estão ficando impacientes." Benyl disse enquanto se virava  em direção à saída do laboratório na companhia de Seymor.

···

Algumas horas depois o grupo chegou a Vau Ashaben. Eles foram direto à casa da conselheira junto com Nerval. O clérigo conjurou sobre Eryn suas preces de cura e ela logo se ruborizou. Assim que abriu os olhos, ainda um pouco confusa, Eryn perguntou o que havia acontecido. Aldred, que não havia saído de seu lado em nenhum momento, a abraçou com força. 

Markas quiz que todos se retirassem para dar aos dois um pouco de privacidade. No lado de fora do quarto, Nerval pediu a atenção de todos.

"Se realmente houver alguém do conselho envolvido com esse atentado, nós vamos descobrir. Hoje mesmo vou propor ao Alto Conselheiro uma investigação para que o traidor seja trazido à Justiça." Essa última palavra do clérigo ecoou com um trovão fervoroso no salão. "Façam o que quiserem com o restante da manhã, mas no final da tarde compareçam à sala de reuniões na casa do Alto Conselheiro. Teremos muito o que conversar".

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Markas Chival


Markas Chival

Markas Chival faz parte de uma família da baixa nobreza do Vale da Adaga. Ele contratou os personagens para realizar sua escolta até Vau Ashaben, a capital do Vale da Névoa, onde ocorreu o casamento da irmã mais nova dele - Eryn Chival - que foi recentemente nomeada um dos Seis Conselheiros regentes na capital (desde então Markas se refere a ela apenas como "rainha", de forma irreverente).

Markas havia contado que os dois irmãos são órfãos da guerra: o pai de Markas, um nobre cavaleiro, foi morto em batalha pelos Zhentarim há pouco mais de quinze anos enquanto lutava para expulsá-los do Vale da Adaga; e sua mãe foi capturada e executada pelos Zhents pouco tempo depois. Ele disse que apesar da história trágica de sua família fez o melhor com o que tinha, dedicando-se aos ensinamentos de seus tutores até que se tornou um diplomata excepcional e um combatente formidável.

Em sua vida adulta Markas passou boa parte de seu tempo explorando ruínas Vale da Adaga (ele tem um interesse especial por arqueologia). É difícil encontrar Markas de mal-humor: frequente o jovem é entusiasmado e carismático, ainda que um pouco excêntrico e por vezes indisciplinado (em outras palavras, ele nunca perde uma noite de música e bebida nas tavernas locais). Aqueles que o conhecem mais de perto sabem que ele guarda um lado mais sério e preocupado para as ocasiões certas.

Pouco antes de chegar ao vilarejo de Acaso, e assim que conheceram o velho Limbo, os personagens, e em especial Davos, passaram a suspeitar que Markas estivesse escondendo alguma coisa - talvez pelo toque frio de suas mãos, ou pela privacidade excessiva que o homem exigia em relação à sua carruagem.

Mais tarde, após ter sido preso sob a acusação de praticar necromancia, Markas contou sua verdadeira história ao grupo:


Legado do Sangue Manchado

"O que vocês se lembram sobre a história de minha família? Sobre mim, sobre Eryn e nossos pais?

Talvez eu não tenha sido honesto com vocês. Eu e Eryn não somos irmãos de verdade. Quero dizer, não somos irmãos de sangue. Eryn foi adotada pela minha família, e meu pai...bem, ele não foi morto pelos Zhentarim.

Eu sei que devo a vocês algumas explicações, mas se quiserem entender tudo, preciso contar minha história. Acho que temos tempo, certo?

Eu tinha sete anos quando conheci Eryn. Pouco depois de meu pai ter ajudado Randal Morn a recuperar o Vale da Adaga, a família Chival tinha recebido terras como recompensa de gratidão e lealdade.

Certa noite, durante uma visita de Randal Morn, um estranho bateu à nossa porta. Ele estava muito ferido e acompanhado de uma criança. Uma garotinha de olhos verdes de três ou quatro anos. Meu pai e Randal Morn acolheram esse estranho e a garota, que vocês já devem ter percebido se tratar de Eryn. Eles cuidaram dos ferimentos do homem mas ele não resistiu. Antes de morrer o visitante entregou a eles um livro – um diário na verdade – esse que carrego comigo bem aqui.



Randal Morn levou consigo o diário quando partiu naquela mesma noite. Eu me lembro de ter ouvido meu pai e ele discutindo sobre isso. Eryn, como eles haviam descobrido ser o nome da garota, acabou ficando conosco a pedido de Randal Morn. Alguns dias depois o Lorde do Vale da Adaga retornou à nossa casa e teve uma nova discussão com meu pai. A partir de então estava decidido que Eryn permaneceria conosco como mais novo membro da família Chival.

Eu raramente via meu pai nessa época, já que ele sempre estava fora em campanhas a serviço do Lorde Regente. Minha mãe havia morrido durante o parto, então eu e Eryn só tínhamos um ao outro e a tutoria de nossos servos na maior parte do tempo. Eryn às vezes brincava com outras crianças no lado de fora, mas eu tinha um medo inexplicável da luz do dia, então nunca saía de casa.

A falta de uma família nos entristecia, mas havia um problema maior: as colinas do Vale da Adaga eram infestadas de vampiros. Nas poucas noites em que meu pai vinha nos contar histórias, ele nos falava de como há 10 anos ele havia recebido do Lorde Randal Morn a missão de erradicar essas criaturas e de como elas eram perigosas. Eu tinha apenas sete anos, então as histórias daquelas aventuras dele mais pareciam contos de terror para mim.



Enquanto eram apenas histórias, tudo estava bem conosco. Até que certa vez, logo após uma das visitas de meu pai no intervalo de suas campanhas, os berros de uma criança levaram todos até  o celeiro. Era Eryn que chorava de pânico, assustada com o que havia encontrado em meio às suas brincadeiras. Na frente dela havia uma mulher morta, seu cadáver drenado de seu sangue e com marcas de mordida no pescoço. Eu assisti tudo da janela do meu quarto: Eryn chorando de medo, e os pais da garota chegando em prantos momentos depois.

A garota recebeu um funeral, com algumas precauções especiais, e a vida seguiu. Mas alguns dias depois outra vitima foi encontrada. E então outra. E então outra. Não havia dúvida de que os cadáveres eram obra de um vampiro que assombrava nossas terras, então meu pai lançou uma missão de caça com alguns homens e em poucos dias encontraram o assassino monstruoso. Me disseram que o coração dele foi perfurado por uma estaca, e que então ele teve sua cabeça cortada e banhada em àgua benta.



Eu queria que tivesse terminado por aqui. Mas as lembranças do que aconteceu na noite seguinte sempre me assombrarão.

Acordei de madrugada aos gritos depois de um dos meus terríveis pesadelos, que aliás sempre me assolaram desde que nasci. Olhei para os lados e senti meu coração gelar ao ver uma pessoa sentada em uma cadeira próxima à minha cama. Apesar do escuro eu consegui discernir que se tratava de um monstro vagamente humano, com olhos amarelos, orelhas pontiagudas, dentes protusos no meio dos lábios e a pele escurecida esticada sobre os ossos. Era para todos os efeitos um cadáver. Um cadáver vivo que retribuiu o meu olhar"

Ele me perguntou, "Teve bons sonhos Markas?". Eu fiquei paralisado, aquele frio no peito já tinha tomado conta de todo meu corpo.

"Não fique com medo, você e eu não somos tão diferentes", ele continuou.

"Você sabe quem sou eu, minha criança?"

"Um...vampiro?" A resposta me ocorreu instintivamente, e até hoje não sei explicar como tive coragem de falar.

"Você é mesmo um garoto muito esperto. Eu sou um vampiro mas não quero te machucar. Eu vim aqui porque seu pai fez uma coisa muito feia... ele quebrou uma promessa que tinha feito a mim, e mentiu para todos os seus amigos, inclusive para você." O monstro falou com um tom de voz quase paternal.

"Sabe aquelas moças que apareceram mortas? Você sabe quem matou elas?"

"Foi um monstro, mas meu pai já encontrou ele..." eu respondi

"Ahahahaha...sim, tenho certeza de que ele encontrou esse monstro – dentro de si próprio! Foi seu pai quem matou aquelas pobres mulheres, criança."

"Não!" Eu gritei tentando negar aquilo. "Vai embora!"

"Markas, eu vim aqui para te buscar..."

O vampiro se levantou e deslizou pelo chão como um fantasma até mim, sua mão estendida com aquelas unhas enormes vindo na minha direção.



Antes que ele tivesse tempo de me alcançar a porta do meu quarto se abriu e lá estava meu pai. Ele tinha uma postura que era heroica e assustadora ao mesmo tempo. Eu nunca tinha visto aquela expressão no rosto dele. Em uma de suas mãos ele segurava sua espada bastarda ainda embainhada.

Ele se jogou sobre o vampiro com uma rapidez incrível, agarrou ele pelo pescoço e o levantou do chão com uma única mão.

"Fora de minha casa, Alban!"

"Tarde demais Caius...ou você já se esqueceu daquele convite que me fez há...10 anos atrás?" O monstro falava com a voz rouca e ria ao mesmo tempo. Suas dentes eram estacas amareladas saindo de gengivas escurecidas e podres.

"Você...finalmente sucumbiu à Fome, e para manter seu disfarce jogou à culpa em um dos meus!" ele disse.

Meu pai arremessou o vampiro ao outro lado do quarto com uma força descomunal. O monstro atingiu a mobília, que despedaçou com o impacto. Então ele se levantou dentre os destroços da mesma forma fantasmagórica com que havia se movido antes.

"Podemos resolver isso agora sem mais problemas, apenas me deixe levar garoto. Você sabe que mais cedo ou mais tarde ele irá sucumbir aos mesmos ímpetos que eu e você!"

"Você não sabe disso, Alban. Duvido que tinha visto outro como ele! Agora, saia!"

"Você quebrou nosso pacto Caius. Você me tirou uma criança da noite, e agora precisa pagar da mesma forma..."

O monstro se transformou em um borrão, se movendo com a velocidade de um raio em direção a nós. Assim que se aproximou o suficiente a criatura cravou as garras no peito de meu pai e logo puxou-as de volta.

Ele deixou escapar um urro de dor, levando uma das mãos ao ferimento. O vampiro então desferiu um outro golpe na altura do pescoço do meu pai, mas ele se abaixou com a mesma velocidade que o monstro havia se movido.

Em um único movimento ele levou a mão ao cabo de sua espada, desembainhou a lâmina, e partiu o vampiro em dois pouco abaixo do ombro direito. Um chafariz vermelho inundou meu quarto cobrindo tudo que estava ao redor. Eu também fiquei coberto de sangue, mas o que mais me assustou foi o fato de eu ter gostado disso...



Em questão de segundos, os restos mortais do vampiro se transformaram eu uma densa névoa viva, que correu pelo chão e escapou pela janela.

"Markas, tranque a porta e não diga a ninguém sobre o que aconteceu aqui. Eu volto logo"

Meu pai caminhou em direção à janela e olhou para o céu escuro no lado de fora. Ele se apoiou no batente e saltou dali mesmo do quarto andar de nossa casa. Eu corri até a janela mas quando cheguei lá tudo o que vi foi um enorme morcego batendo suas asas e voando para longe, em direção às colinas para onde a névoa viva havia se arrastado.

E essa foi a última vez em que vi meu pai.

No dia seguinte os servos me encontraram chorando em meu quarto, encolhido no chão e lambendo o sangue coagulado em meus dedos. Eu nunca contei a eles o que aconteceu. Meu pai continuou desaparecido e depois de alguns dias de buscas incessantes o lorde regente cancelou a procura e veio nos visitar pessoalmente. Ele disse que iria nos levar para morar com ele por um tempo e assim o fez. Passamos o restante de nossa infância em Cachoeiras da Adaga.

Quando chegamos na adolescência, eu e Eryn nos mudamos para morar com um tutor aqui em Vau Ashaben. Eu aproveitei esse tempo para estudar, na tentativa de entender minha verdadeira natureza, e fiz algumas viagens à antigas ruínas no Vale da Adaga.

Eu descobri que apesar de raro, eu não era o único de meu tipo – um Dhampyr, ou meio vampiro – diziam as lendas e os tomos arcanos.

Eu sempre me senti diferente de meus amigos. Minha força e agilidade inatas sempre me favoreciam nos treinamentos marciais. Meu apreço pela noite sempre me impulsionou a acordar tarde e freqüentar as tavernas locais até o sol nascer. Meu gosto por sangue... bem, pelo menos isso eu sempre fui capaz de controlar, não sei se por força de vontade ou por medo do que eu poderia me tornar... E se estão preocupados, me deixe ser claro aqui – não, eu não sou um assassino, nem preciso beber sangue para viver.



Enfim, entender mais sobre minha natureza foi como tirar um peso das minhas costas, e eu pude me dedicar melhor a outros assuntos, como lutar em missões pelo lorde regente e seus aliados nos Vales. Alguns dias antes de conhecer vocês eu sai em missão ao Vale da Batalha para apoiar Lorde Ilmeth na luta contra a os drows, mas antes de começar minha viagem Randal Morn me entregou uma coisa que mudou tudo. Era o diário que ele havia recebido do estranho há todos aqueles anos. O Lorde Regente me pediu que o entregasse a Eryn, pois sabia que depois de minha missão eu viajaria à Vau Ashaben para o casamento dela. "Markas, peço que não leia o conteúdo desse livro antes de sua irmã. Proteja-o e entregue-o pessoalmente a ela."

É claro que e não consegui resistir. Durante a viagem eu abri o livro, e finalmente entendi tudo o que havia acontecido naquela noite quando o estranho bateu à nossa porta,. Entendi porque meu pai e o lorde regente haviam discutido, porque ele saiu tão apressadamente durante à noite apenas para retornar poucos dias depois, e também porque Eryn era tão imediatamente importante para eles.

O que eu li nessas páginas meu arrebatou com a força de uma tormenta.

Esse é o diário pessoal de Aencar, o Rei de Manto. E nele existem provas de que Eryn é sua descendente direta."

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Markas escapou da prisão com a ajuda de Lira, que usou um disfarce mágico para se passar por Nelyssa Shendean, capitã da guarda. Ele e sua irmã fugiram em direção ao Vale da Batalha durante a mesma noite, sob a proteção do Circo do Triunfo.

Aencar, O Rei de Manto

Aencar como Rei dos Vales

"Eu acho que você terá de me derrubar primeiro"

Esse é um aviso calmo que virou popular graças ao primeiro homem a unir os Vales: Aencar, o Rei de Manto.

Aencar Burlisk era um guerreiro do Vale da Batalha que cresceu entre os elfos e recebeu educação sobre a cultura da floresta, perícias militares, sabedoria, paciência e empatia com os demais. Quando ainda era jovem, ele abandonou os Vales para se aventurar com amigos de Sembia, num grupo chamado Manto Armadura.

Os guerreiros do Manto obtiveram muito sucesso como mercenários, servindo a diversos empregadores de Sembia. Contudo, inevitavelmente eles foram marcados para a morte pelos adversários de Sembia e empregadores temerosos. Os guerreiros do Manto, então, preferiram deixar Sembia e voltar ao Vale da Batalha. 

Quando chegaram, Aencar e seus companheiros encontraram mercadores corruptos tirando vantagem dos vizinhos pobres através de agiotagem e capangas contratados. O Manto eliminou essas práticas e Aencar,o líder do grupo, foi aclamado Lorde do Vale da Batalha. Ele garantiu a segurança e a prosperidade do seu povo com afinco, como um pastor que cuida de seu rebanho, e os demais integrantes do Manto Armadura assumiram funções confortáveis patrulhando o vale.

Em 1038 CV, Aencar decidiu se tornar o Rei dos Vales. Durante os meses de inverno, ele persuadiu os habitantes do Vale das Sombras e do Vale da Borla a se unirem sob seu comando. Na primavera, ele avançou sobre os demais vales como uma tempestade enfurecida, atacando rapidamente e deixando pessoas do Manto de vigília como senhores ou "mestres da espada". Nessa mesma estação, a bandeira do Manto foi erguida em todos os vales, exceto no Vale do Arco e no Vale Alto. Depois de dois anos, a população começou a amar o rei quando perceberam que seu reinado era justo.

Infelizmente, Aencar governou como Rei dos Vales somente durante seis verões. Depois que um mago amaldiçoou o rei com uma doença de apodrecimento, ele encondeu sua pele desgastada atrás de um capuz vermelho e uma máscara, tornando-se o Rei de Manto.

Aencar, o Rei de Manto


Em 1044 CV, Aencar foi derrotado por um dracolich invocado por magos malignos durante um festival. Seus tenentes destruíram o dragão de ossos, assim como seus invocadores, e queimaram o corpo de Aencar em sua mansão. As ruínas da construção, com suas diversas torres, ainda permanecem ao leste da Estrada de Rauthauvyr.


Seymor, "O Escuro"

Seymor, "O Escuro"


                                                                                                             
Seymor é um Fetchling com a capacidade de invocar criaturas de sombras. Até agora pouco se sabe sobre esse homem, além de que por trás de sua personalidade maníaca ele é um homem insano e perverso.

Ele surpreendeu o grupo nas ruas de Vau Ashaben durante uma noite, e acabou sendo derrotado pelos aventureiros. Logo depois do combate seu corpo se dissipou em sombras, e o grupo descobriu que se tratava apenas de um simulacro, porém alguma coisa dizia que essa não seria a última vez em que "O Escuro" cruzaria o caminho do grupo.

Seymor confrontou os personagens novamente na taverna Véu de Veludo, em Vau Ashaben, onde foi pereceu pelas mãos do mago Kevan. Na mesma ocasião, seu Eidolon de sombras, Azahmomn, foi destruído por Ito.

sábado, 13 de julho de 2013

Alban

Alban

Um vampiro monstruoso que apareceu como personagem da história de Markas. 

Pelos relatos do nobre ele aparenta ser de uma linhagem completamente distinta do tipo mais comum de vampiro. Alban é um monstro e um cadáver andante: não possui nenhum pelo ou cabelo, sua a pele tem o aspecto de couro em enrijecido, suas unhas são assustadoramente compridas e suas orelhas são longas curvadas.

Os olhos e dentes, amarelos e famintos, completam a horrenda figura.

Alban parecia ter algum tipo de pacto de "boa vizinhança" com Caius, o pai de Markas, mas um dia o nobre sucumbiu à Fome e fez várias vítimas. Como ninguém sabia de sua identidade como vampiro, Caius acabou por colocar a culpa em uma das crias vampíricas de Alban. Isso enfureceu o vampiro monstruoso, que decidiu buscar uma compensação.

O Nosferatu visitou o quarto de Markas durante à noite na tentativa de raptá-lo quando ele ainda tinha sete anos. Markas foi salvo pelo seu pai, que nessa ocasião revelou ser também um vampiro.

Após um golpe brutal desferido por Caius, Alban assumiu a forma de névoa e escapou.

Caius Chival

Caius Chival

Caius é o pai de Markas e Eryn. Amigo pessoal e companheiro de espada de Randal Morn, ele era uma cavaleiro da baixa nobreza que acabou por conquistar terras no Vale da Adaga como recompensa por seus feitos.

Sua verdadeira identidade como um vampiro acabou sendo descoberta de forma traumática por seu filho quando ele ainda era criança. 

Há cerca de quinze anos, após derrotar Alban em combate, Caius desapareceu na noite em direção às colinas do Vale da Adaga com a promessa de retornar mas nunca mais foi visto.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Grandes grupos, grandes desafios




Meus caros amigos e intrépidos aventureiros.

Nosso último encontro foi extremamente agradável e divertido. Espero que tenham gostado do almoço e obrigado a todos pela presença!

Mas não é só sobre isso que gostaria de conversar nest post.

Nosso grupo dobrou de tamanho desde o início da campanha, e precisamos desenvolver estratégias para evitar a dispersão que sofremos na última sessão. É apenas natural que um grupo tão grande se disperse daquela forma, e isso pode atrapalhar o ritmo o jogo e consequentemente abortar a diversão para os jogadores. É também um desafio para o DM. 

De forma alguma as coisas que vou ressaltar aqui são erros, e também não são direcionadas a ninguém em particular. São apenas algumas idéias importantes que precisamos considerar quando se tem um grupo tão grande.

  1. Falar sempre dentro do personagem: conversar fora do jogo dispersa o grupo como um todo, e frequentemente descrições e narrativas precisam ser repetidas, o que consome um tempo valioso.
  2. Nunca se separar do grupo: via de regra, mais pessoas fazendo coisas diferentes acabam por multiplicar o tempo que se gasta com atividades que nem sempre contribuem para o bom andamento e ritmo do jogo. Existe sim a possbilidade de dividir o grupo de outra forma, mas conversaremos sobre isso com detalhes mais adiante.
  3. Conhecer as regras de todas as habilidades e magias de seu personagem: devemos evitar perder tempo discutindo regras e consultando o material. O DM nem sempre irá conhecer todas as regras de todos os livros. Se por exemplo você escolher aprender/preparar uma magia nova, digamos, bola de fogo, saiba de cabeça ou tenha uma colinha dizendo que o raio de efeito é de 6 metros e que ela causa 1d6 de dano por nível de conjurador.
  4. Não dificultar as coisas: às vezes seu personagem pode não ter uma razão pessoal perfeitamente plausível para aceitar determinada missão ou até a presença de certas personagens no grupo. Por mais que isso possa ferir um pouco o conceito de seu personagem, a melhor coisa a se fazer é aceitar para que o jogo possa fluir. Não é o ideal, todos sabemos, mas é o preço a se pagar em um grupo grande, especialmente quando não se dispõe de muito tempo de jogo. 
  5. Manter atenção e foco: eu não gosto de exigir isso, é chato, mas é importante para que o DM não precise repetir as coisas várias vezes. ("Quem falou isso mesmo? Onde estamos mesmo?").
  6. Saiba o que fazer em seu turno: nunca foi um problema em nosso grupo, mas é importante lembrar. Em combate, você tem 6 segundos para declarar sua ação ou perde seu turno.
  7. Dar preferência a comprar os itens entre as sessões: temos um blog dedicado a nossa campanha, com tabelas de vendedores e itens. Continuem comprando e equipando seus itens por aqui, pois isso  economiza muito tempo na sessão.
  8. Não interpelar e ter paciência com DM durante a narração
Por outro lado, andei pesquisando na internet e escutando sugestões de outros mestres sobre como administrar grupos de 8 jogadores. Encontrei duas idéias um tanto que radicais:
A) Dividir o grupo de 8 em dois grupos de 4 e jogar em semanas alternadas: é uma solução simples, mas não é minha intenção de forma alguma, a não ser que seja melhor para vocês.
B) Dividir o grupo em dois grupos de 4 na mesma sessão realizando tarefas diferentes: até considerei essa mudança, mas logo me ocorreu que o grupo que estiver em stand by vai apenas perder tempo e vai se dispersar facilmente.

É possível jogar decentemente com um grupo de 8 pessoas? SIM! 
Mas nós vamos precisar de muita ATENÇÃO, FOCO, PACIÊNCIA e DISCIPLINA, e também ter em mente que o jogo será mais lento.

Gostaria de ouvir opiniões e sugestões de vocês para que possamos assegurar o bom andamento que até agora mantivemos em nosso jogo.

Um grande abraço a todos e até a próxima sessão.