segunda-feira, 1 de julho de 2013

Lira "Canção Errante"


 
Lira "Canção Errante"

Raça: Humana (chondathani)
Idade: 20 anos
Classe: Barda
Alinhamento: Caótico/Bom
Terra Natal: Águas Profundas
Divindade: Lliira
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História

“Ficar nunca foi opção.”

Ao menos para essa jovem de cabelos vermelhos que desde muito moça descobriu seu lar nas rotas e estradas de Faerûn. Criou-se, com ajuda do acaso, numa dessas caravanas de artistas que cruzam o continente em busca do próximo festival.  Nunca teve pais ou paradeiro, nem mesmo na memória. Piedoso ou irônico, o destino se encarregou de transformar a vadiagem em família. E dela recebeu um nome, um dom e um caminho.

Mas é bem verdade que a vida pende à medida que se acumulam os anos. Torna-se inexplicavelmente densa, inebriante, ao ponto das rotas conhecidas já não fazerem o menor sentido. Nessa tormenta interior, a menina se descobriu crescida e percebeu que a estrada alheia já não lhe cabia mais. Deixou o acampamento, aos 16 anos, na última manhã do inverno, em algum lugar do Vale da Adaga.

À noite, a Festa do Plantio daquela pequena vila se ressentiu do sopro caótico de seu glaur. Seus companheiros foram pouco brilhantes. Bebeu-se menos, dançou-se menos ainda. O banquete que deveria acalmar o espírito sequer chegou ao estomago. Foi parar no palco. Quando a comida acabou, as espadas assumiram o protesto. O massacre substitui os festejos, e o sangue nada inspirado dos músicos saciou a fúria daquela audiência.

Os sobreviventes voltaram para Águas Profundas amaldiçoando a antiga companheira. As canções sobre “O Massacre do Degelo” se tornaram populares por algum tempo nas tavernas da maior cidade do continente.
   
Lira “Canção-Errante” passou a vagar pela terra dos vales, sem planejar o dia seguinte. Vivendo de apresentações e esquemas, que quase sempre acabam de forma surpreendente e confusa.  

Canção Popular nas Tavernas de Águas Profundas Há um par de anos atrás (atualmente em desuso)

“Irresistível acorde do destino
Caótico sê-lo
Veste vermelho
Ó Inocente malfeito feminino!

O acaso, um dia, o vadio alcança
Na fortuna que foge
Pobre povo do Norte
O “Degelo” nunca lhe trouxe esperança

Dos Vales não se dê passo adiante
“Faísca” sem deus
Algoz dos seus
Ó Lira Canção Errante!”

                                                  
Descrição

Lira é uma garota de 20 anos, de cabelo acobreado feito o poente. Os olhos, verdes e dissimulados, mais escondem que procuram. Os lábios vermelhos e vivos compõem o belo rosto salpicado de sardas. Não é alta, nem baixa. Esguia, move-se quase sem fazer esforço, confortável como sempre estivesse no palco. Veste uma túnica branca, com as mangas dobradas ao cotovelo, luvas de couro, uma calça da cor dos cabelos, um par de botas de cano alto e um cinto largo. Um chapéu de corsário de couro velho com uma longa pena branca e cachimbo simples de carvalho completam o visual da moça.  Carrega consigo um Glaur, instrumento de sopro em forma de concha grande e retorcida feito um pequeno tornado ruidoso, que soa como um trompete.     

Glaur de Lira Canção Errante

Comportamento

A estrada lhe ensinou a não dizer o que pensa. Mas isso quase nunca significa silêncio. Pelo contrário, prefere esconder suas motivações através de eloquentes clichês e ironias extravagantes. Mais frequentemente, é tomada por uma “hipster” e usa essa falsa falta de interesse como um mecanismo de proteção. Apesar de socialmente muita habilidosa, a rotina do trabalho em equipe lhe soa um tanto frustrante e as alianças que por ventura faça correm o risco durarem menos do que o necessário.  Lira adora as tavernas e os grandes festivais, onde geralmente é o centro das atenções mesmo quando troca o seu glaur por uma boa erva e uma saborosa caneca de cerveja. Tem um dom incomum para jogos de azar e, até por isso, lhe tomam por uma excelente mentirosa. Embora trave uma luta diária para esconder a própria ansiedade, sua personalidade impulsiva e a falta de paciência saltam aos olhos nos momentos de maior tensão. O que vira e mexe acabam por colocar a menina em situações ainda mais difíceis e embaraçosas.

Motivação

Como toda criança do norte, a pequena Lira cresceu ouvindo as canções sobre Drizzt Do’Urden e os Companheiros do Salão de Mitral. Por mais que não assuma, essas histórias, comuns aos acampamentos e caravanas de sua infância, a inspiram até os dias de hoje. Também ajudam a entender o improvável histórico de escolhas altruístas, que o estereótipo da barda egoísta interessada apenas recompensas materiais tanto tenta esconder. Ela adorava ouvir as histórias sobre as Sete Irmãs, principalmente sobre Storm Mão Argêntea a gentil barda que combatia os zentharim longe das terras dos vales com as bênçãos de Mystra. A Mãe, como era conhecida a senhora da companhia em que Lira cresceu, conhecia inúmeras histórias e canções sobre e Storm e suas irmãs e sempre que possível as crianças do acampamento reuniam-se envolta dela e ouviam atentamente aquele suspiro de aventura.

Balada do Elfo Negro
(Canção popular do Norte)

Ó eterna noite sem estrelas!
Tecelã do mal que na superfície se traduz
Viu a esperança negra nascer das profundezas
Nem toda treva é ausência de luz!

Ó bastarda besta do Fosso!
Cuja inesperada piedade lua nenhuma anteviu
Se ao menos o seu fratricida retorno
Libertasse o espírito do que lhe era vil.

Ó Negro Unicórnio Justiceiro!
Mestre da morte, senhor do trovão
Errante protetor do vale do gelo
Valente restituidor do território Anão.

Ó indomável Pantera do Norte!
Campeão secreto de Alustriel
O rei orc encontrara a morte
Despertada ira do ‘‘Caçador” fiel!

Ó postiça criança da floresta!
Improvável obsessão de Artemis
Por que aceitas tão nobre tarefa?
E opõe-se a perdição dos Homens?


Táticas e Estratégias

Para entender as habilidades que a jovem barda mostra durante suas aventuras na Terra dos Vales é preciso conhecer um pouco da sua história. Lira nasceu órfã, mas quis o acaso lhe presentear com duas “mães” por algum tempo. A primeira era conhecida exatamente assim. Mãe. Uma mulher por volta de seus cinquenta anos, desertora harpista, senhora de uma trupe cigana, baseada em Águas Profundas, que levava diversão e alegria por toda Faerûn. O apelido – adotado como codinome - ganhara por sempre haver lugar para os órfãos e crianças de rua do continente em sua caravana. Foi assim, que lhe veio a pequena de cabelos de fogo.

A ex-Harpista logo compreendera a desordem que dava forma ao espírito daquela criança. Deu-lhe um nome e um instrumento, através deles ajudou a pequena Lira a extravazar toda sua potencia em forma de arte, a controlar o caos ou liberá-lo quando conveniente. Lira sempre foi uma péssima aluna, “impaciente e indisciplinada”, mas tão estupidamente talentosa que aos doze anos já era a principal solista da banda e a principal atração nas cidades e festivais onde passavam.

O seu Glaur sopra como um chamado da natureza. Liberta o que há de mais selvagem naqueles que o escutam. Como um orgasmo prolongado que termina, abruptamente, numa forte dose de ópio. Conduz a um transe capaz de inspirar os colegas de palco ou fascinar mais concentrado estudioso da Arte. A Mãe costumava dizer que não eram os tambores que marcavam o ritmo de sua banda, mas o coração de sua pequena Lira que logo nas primeiras notas, se apoderava dos demais. A partir daí era como se todos os instrumentos fossem tocados por um único músico. Um imprevisível e muito convencido.

Foi nessa época, que a menina conhecera sua segunda mãe. A caravana estava no sul, se apresentando numa feira de especiarias em Calisham, quando receberam uma convidada inesperada. Uma bela elfa das florestas, que usava um grande chapéu preto de corsário, como uma longa pena branca, provavelmente de alguma ave exótica que encontrara numa de suas aventuras além mar.

“Aquela é a Estrela do Mar, a capitã do Uivo do Norte, aquele navio vimos no porto no outro dia”. Disse-lhe Jared Forja-Púrpura, o percussionista e companheiro inseparável. “Ela chegou ontem à noite, acho que escapou da prisão. Isso significa que estamos de partida e que não devemos fazer muitas perguntas.”

Estrela do Mar, Capitã do Uivo do Norte

Calisham era um tanto longe de Águas profundas, e por mais que tentasse evitar as perguntas, era tempo demais para conter a curiosidade. Aos poucos, o inevitável se deu: Lira se aproximou da Estrela dor Mar. Sua nova mãe lhe dera um apelido e um estilo de vida. Também lhe ensinara a usar a espada e as palavras de forma elegante e, igualmente, perigosa.

Ela permaneceu com a caravana por três anos, até a morte da Mãe. Não se sabe exatamente a relação que havia entre as duas, mas logo após funeral, a Estrela do Mar partiu para sul.

“Já é tempo do Uivo do Norte voltar a ser ouvido na Costa da Espada. Sinto falta do mar pequena Canção-Errante. Não, você não vai querer vir comigo, precisa seguir o seu próprio caminho agora.” Disse-lhe enquanto colocava na garota o inseparável chapéu de veludo.

A elfa partiu. Lira voltara a ser órfã, pela segunda vez no mesmo dia.  

O Tempo nos Vales

O funeral da Mãe promoveu uma peregrinação para Águas Profundas. O pai de Jared, Malark Forja-Púpura, antigo ferreiro de Cormyr e servidor leal da ex-harpista desde os dias em que lutaram juntos contra o zentharim na Terra dos Vales, organizaria uma cerimônia simples, a pedido da Estrela do Mar. Entretanto Mirt, o “Lorde Morsa”, grande banqueiro da cidade e principal mecenas da trupe, convenceu o Conselho dos Lordes de que sua antiga companheira de aventuras deveria se despedir dessa vida com uma celebração digna de sua beleza, arte e heroísmo.  Foram sete dias de um festival inesquecível, mesmo para uma metrópole cosmopolita como a Cidade Esplendorosa, músicas, danças, animais exóticos, exibições da Arte e de habilidades marciais acompanhadas de muito vinho e cerveja. No sétimo dia, que coincidiu com a Noite de Lliira (7º Lei da Chama) deu-se o sepultamento no pequeno templo da Deusa da Alegria. Randall Morn delegou aos seus capitães, por alguns dias, o sítio a Cachoeiras da Adaga para prestigiar o funeral da antiga aliada, que lhe ajudou a desmascarar e destruir os planos do regente Malyk, um fantoche do Forte Zhentil. Ainda da Terra dos Vales, veio Storm Mão Argêntea do Vale das Sombras, a mais alta das Sete Irmãs, com quem a mestra de Lira compartilhou algumas de suas mais notáveis aventuras. Em seu ombro, um corvo negro como noite de lua nova repousava imponente, enquanto Jared tentava se convencer de que ouvira Mirt cochichar com Durnan, o outro lendário explorador da Montanha Subterrânea, de que ave pertencia ao velho Elminster, o grande líder dos Harpistas. O “Cajado Negro” e sua esposa Laeral, irmã de Storm, também compareceram para despedir da antiga pupila, que se estabelecera em Águas Profundas a pedido do próprio Khelben que a via como uma de suas “Estrelas Lunares”. Muitos outros heróis, dentre eles o Lorde Conhecido, Peiergerion e sua filha Aleena, Estrela Paladina vieram dar adeus a Mãe.

A Mãe

“Toda aventura começa com um sorriso. Até mesmo a morte.” (epitáfio do tumulo da Mãe).

Alguns meses depois, A Cidade Esplendorosa, entretida na boataria costumeira, já havia se esquecido daquele pomposo funeral.  Jared ainda se apegava a velha vida e, apesar dos conselhos de seu pai, estava decidido a por a trupe na estrada o mais cedo possível. Havia apenas uma pessoa em Águas Profundas insana ou rica o bastante para comprar tão estúpida ideia, Mirt, a Morsa. O banqueiro fez um acordo com garoto: bancaria os custos da excursão a Terra dos Vales, pagaria os músicos e contrataria escolta aramada, em troca levariam, em segredo, uma encomenda a Randall Morn cujos homens sitiavam Cachoeiras da Adaga.

Mirt, a Morsa: Mecenas e amigo da Mãe

Faltava ainda convencer a aquela que se tornara a grande atração da companhia, a menina de cabelos vermelhos, talento inexplicável e comportamento imprevisível, que há algum tempo já lhe roubara o juízo.

Lira aceitou, mas havia alguma coisa diferente em seus olhos, algo que atarefado Jared não foi capaz de perceber. O funeral da Mãe chamou-lhe atenção para o tamanho do mundo. Passara a vida a viajar, mas sempre pelos caminhos dos outros. Agora seria correr o mundo, correr perigo, por conta própria. O antigo companheiro seria apenas uma carona. A Terra dos Vales seria o palco de seus primeiros solos. As ruínas de Myth Drannor em Cormanthor, profanadas pelos exilados da montanha das sombras, as grandes batalhas contra o zentharim e a Igreja de Bane, A torre de Elminster, no Vale das Sombras: cartas de outra vida, que agora seriam embaralhadas. Um novo jogo, através delas, seria feito. O destino da garota seria sorteado pelo maior vidente de todos, o acaso.

Alguns meses depois de partirem, ocorreu o massacre do Festival do Degelo, em uma pequena vila do vale das Adagas. Nem Jared, nem Lira compreendiam ainda a influencia da garota sobre os outros músicos. Também eram pouco experientes para entender o tipo de sentimento que um fiasco poderia despertar numa plateia marcada por anos de guerras.

O filho do ferreiro sobreviveu àquela noite. A maior habilidade com as espadas do que com as baquetas poupou a sua vida e a de alguns músicos que conseguiu salvar. Enquanto seus companheiros fugiram de volta para oeste maldizendo e amaldiçoando o glaur desertor de Lira, Jared Forja-Púrpura seguiu em direção à Cachoeiras da Adaga.

A última aparição pública do garoto foi no acampamento de Randall Morn, poucos dias antes da queda dos Zhentarim. O imponente guerreiro que proclamava seu antigo reino recebeu o mensageiro de Mirt em seu conselho de guerra com uma alegria pouco habitual.

Morn encarregou um de seus leais tenentes, Markas Chival, de interrogar e recompensar o valente garoto de Cormyr. Jared permaneceu apenas um par de dias com as tropas e deixou o cerco ainda antes do fim. Pouco se soube dele até então, mas especulou-se um tempo, nas tavernas da Cidade Esplendorosa, que ele tinha rumado ao sul e havia se juntado aos dragões púrpuras de Cormyr, outros dizem que seu desgosto fora tamanho que vestiu preto e curvou-se Fzoul Chembryl, senhor do Mar da Lua e sumo sacerdote da Igreja de Bane.

É bem provável que os rumores daquele fatídico dia algum dia cheguem aos ouvidos de Lira.  Quatro anos depois, uma carta despretensiosa do jogo de seu destino pode levá-la ao paradeiro de seu antigo companheiro. Enquanto vagava pelos vales na esperança de esbarrar por acaso no passado de sua valente tutora, Markas Chival, antigo tenente de Randall Morn, contratou a barda para entreter e escoltar sua caravana que viaja ao vale da névoa para prestigiar o casamento da irmã, Eryn, em Vau Ashaben.
  
Réquiem para o Acaso

Filhos de Essembra, o Escuro se aproxima:
Do céu, ele veio, mas não é noite,
Da floresta, ele espreita, mas não é aranha,
Do subterrâneo ele conspira, mas não é carrasco.
Que se quebrem os escudos,
Que retorne o Manto
Pois nem a chama de sua linhagem
Afastará o que está por vir
E depois dos Vultos:
“Restará apenas o Limbo.”

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Canção de Ninar para Eryn

Enquanto dorme a terrível aranha.
Seu varão o Dia ganha,
A tempestade que não se espera
Revela o inimigo pela seta
A morte oculta negocia a vida
Quando a fé parece perdida
Mentiras levam onde os mortos vão
E de lá retorna sua salvação. 

Um comentário:

  1. Impressionante Pedro, muita dedicação e talento permeando essas linhas...você acaba de ganhar um ponto de herói e um punhado de XP extra. Foda.

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